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ANOREXIA E BULIMIA

DISCENTES: ADRIANA LOBÃO PINHEIRO; THAÍS STEPHANIE MATOS SILVA

 

CONCEITUAÇÃO

A bulimia pode ser definida como:

- Fome excessiva ou patológica (Rangel, 1951)

- Apetite insaciável (Ferreira, 2010)

- Distúrbio do comportamento alimentar caracterizado por uma necessidade incontrolável de ingerir alimentos em grande quantidade (Dukan, 2005)

- Caracteriza-se pelo consumo de grandes quantidades de alimentos de uma só vez, e algumas vezes vomitando-os espontaneamente ou provocando o vômito; Pessoas bulímicas acreditam que o controle do peso é extremamente importante, mas ao contrário das pessoas anoréxicas, não buscam um estado de extrema magreza. (Cockett, 1999)

 

Já a anorexia pode ser definida como:

- Inapetência (Rangel, 1951)

- Perda ou redução do apetite (Ferreira, 2010)

- Resulta num jejum persistente e provoca extremo emagrecimento; Crença distorcida com relação à comida e à alimentação, juntamente com as consequências físicas e psicológicas quando essa crença é posta em prática. (Cockett, 1999)

Sendo assim, é possível observar que ambos os transtornos giram em torno do apetite e da relação do indivíduo com o alimento. Sendo o apetite, a vontade ou o desejo de comer, segundo Cunha (2010).

De acordo com Cockett (1999), “O ato de comer é um acontecimento público”. Isto porque a alimentação, além de uma necessidade básica do ser humano, é uma atividade presente nos rituais sociais, datas comemorativas e incluída em momentos de socialização. Já a desordem alimentar, ainda para o autor, é, geralmente um assunto secreto, o que torna difícil a identificação imediata de pessoas com transtornos alimentares.

ETIMOLOGIA E BASES HISTÓRICAS

Segundo Cordás & Salzano (2007), o termo Bulimia foi cunhado por Russell, em 1979, e vem dos termos gregos boul (boi) ou bou (grande quantidade), associado com lemos (fome), ou seja, fome muito intensa ou suficiente para devorar um boi. Na Anorexia, a perda real do apetite não ocorre nos estágios iniciais da doença, mas sim a negação do apetite e o controle obsessivo do corpo, tornando mais adequado do que Anorexia, o termo alemão Pubertätsmagersucht, que significa “busca da magreza por adolescentes”

De acordo com Busse (2004), a primeira descrição de quadros correspondentes à Anorexia data de 1691, feita pelo médico inglês Richard Morton. Já foi denominada como anorexia histérica, anorexia mental e psicose histérica, enquadrada como doença afetiva, distúrbio obsessivo-compulsivo e ainda, como transtorno metabólico por deficiência de zinco, até ser chamada de Anorexia Nervosa (AN) como nos dias atuais. Já as primeiras descrições de Bulimia Nervosa (BN) estão no Talmud babilônico compilado entre os anos de 400 e 500 anos a.C, equanto descrita como “fome voraz”. Mas as descrições de casos começaram a surgir na década de 1940 com o trabalho de Ludwig Binswanger sobre o caso de “Ellen West” (1977).

Ainda para Busse (2004), a Bulimia, antes muito associada à anorexia, uma vez que mais de 50% das pacientes anoréxicas eram bulímicas, foi caracterizada no DSM III em 1980 como um transtorno independente.

Para Dalgalarrondo (2000), os transtornos alimentares seriam mais frequentes em sociedades urbanas ricas e ocidentais. O que pode ser explicado com a posição de Costa (2005), onde explana que somos diariamente levados a imitar “personagens da moda”, mas essa imitação possui muitos obstáculos, uma vez em que muito do que é acessível a essas figuras da moda, não é acessível para uma pessoa comum, restando apenas o que aparentemente é acessível para qualquer um, que é o corpo, nascendo assim a obsessão pelo corpo perfeito.

Atualmente, é uma pauta comum nas conversas urbanas a idealização desse corpo, através do compartilhamento de dietas, técnicas e exercícios “milagrosos”. A luta para se encaixar em um padrão como um objetivo inalcançável, pode ser, então, um dos pontos para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

 

VISÕES SOBRE O TEMA

Na perspectiva da Nutrição

De acordo com Biesalki & Grim (2007), a BN caracteriza-se por ataques de compulsão alimentar, perda do controle do comportamento alimentar, obsessão pelo desejo de ser magro e o controle do peso alcançado por mecanismos compensatórios como indução do vômito, laxantes, diuréticos, jejum, entre outros. A AN caracteriza-se por baixíssimo peso e um comportamento controlador da alimentação, acompanhado de uma autoimagem intensamente distorcida.

 

Na perspectiva da psicologia

Segundo Barlow (2009), na Bulimia apresentam-se episódios repetitivos de compulsão, depressão e ansiedade. Na Anorexia, o desenvolvimento de restrições graves e seletivas à ingestão de alimentos, exercício físico excessivo, labilidade emocional, irritabilidade, além de apresentar também depressão e ansiedade, que são outros transtornos e estão diretamente ligados aos transtornos alimentares.

Já segundo Paim (1993), na Bulimia ocorre a sensação permanente de fome e a necessidade de ingerir alimentos exageradamente, e na Anorexia ocorre a repugnância pelos alimentos. Dessa forma, podemos observar os dois extremos em relação ao alimento que ocorre nos dois transtornos.

 

Na perspectiva da psiquiatria

Para Cordás & Salzano (2007), a AN acomete principalmente adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, ocasionando grandes problemas biopsicossociais, com aumento da morbidade e mortalidade. Já a BN caracteriza-se pela ingestão de alimentos feita de forma rápida, juntamente com a sensação de perda do controle, acompanhadas de compensações inadequadas para o controle do peso.

 

TRATAMENTO

Segundo Philippi & Alvarenga (2004), o tratamento deve ser executado por uma equipe multidisciplinar, com atendimento psicológico, psiquiátrico e nutricional.

Mesmo que não existam evidências de algum modelo particular de intervenção psicológica que seja mais eficaz no tratamento de transtornos alimentares, alguns modelos podem ser citados, como a psicoterapia individual e grupal, a terapia familiar e a psicoterapia breve, independente da abordagem teórica utilizada.

De acordo com Barlow (2009), existem ainda algumas abordagens que têm se mostrado eficazes no tratamento de transtornos alimentares, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Psicoterapia Interpessoal (TIP) e a Abordagem Psicodinâmica.

Cordioli (2008) apresenta características do tratamento através destas abordagens:

 

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

O uso da TCC é composto por técnicas que objetivam o aumento da adesão ao tratamento; o desenvolvimento de um padrão regular e flexível de alimentação; a diminuição do distúrbio da imagem corporal e da preocupação com o peso e formato do corpo; a modificação do sistema disfuncional de crenças associadas à aparência, peso e alimentação; o desenvolvimento de habilidades interpessoais; o aumento da autoestima e prevenção de recaídas.

 

Psicoterapia Interpessoal (TIP)

Parte do princípio que o desenvolvimento do transtorno se dá através da relação do humor do paciente e suas relações interpessoais, sem negligenciar a influência de fatores genéticos, bioquímicos, de personalidade e fatores causais ou vulnerabilidade para depressão. Sendo considerado um método para abordar pacientes deprimidos. São utilizadas algumas técnicas, como o uso da exploração não-diretiva.

 

Psicoterapia Psicodinâmica

O tratamento através dessa abordagem baseia-se na mudança a partir do insight e da relação terapêutica. O insight é atingido através das interpretações, quando os impulsos, sentimentos, medos, fantasias e desejos são trazidos para a consciência e manifestados na relação transferencial. Ocorre assim, o aumento da capacidade de refletir sobre si mesmo, correção de pensamentos e crenças distorcidas, em razão do uso de confrontações e clarificações.

GRUPOS DE PESQUISA E DE APOIO

  • Grupo especializado em nutrição, transtornos alimentares e obesidade (GENTA) – São Paulo: http://www.genta.com.br/

  • Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria (AMBULIM): http://www.ambulim.org.br/

  • Grupo de Estudos e Assistência em Transtornos Alimentares (GEATA) – Porto Alegre – RS: http://www.geata.med.br/novo/

  • Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares (PROATA) – São Paulo: http://www.dpsiq.sites.unifesp.br/d/proata/

  • Anorexia e Bulimia no Brasil – Grupo do Facebook → é um grupo fechado que visa ajudar pessoas que sofrem desses transtornos e também convidam profissionais a participarem.

https://www.facebook.com/groups/1567739863471012/

 

VÍDEOS, FILMES E DOCUMENTÁRIOS SOBRE O TEMA:

 

 

REFERÊNCIAS UTILIZADAS NESTA PESQUISA :

BARLOW, D. H. e col. Manual clínico dos transtornos psicológicos: tratamento passo a passo. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

BIESALKI, H. K., GRIM, P. Nutrição: texto e atlas. Porto Alegre: Artmed, 2007.

BUSSE, S. DE R. Anorexia, bulimia e obesidade. São Paulo: Manole, 2004.

COCKETT, A. De quem é o corpo? Ajudando crianças a lidar com distúrbios alimentares. In: ALSOP, P.; MCAFREY, T. (Org). Transtornos emocionais na escola: alternativas teóricas e práticas. 3 ed. São Paulo: Summus Editorial, 1999.

CORDÁS, T. A; SALZANO, F. T. Anorexia e bulimia nervosas. In: LOUZÃ NETO, M. R; ELKIS, H. P. Psiquiatria básica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

CORDIOLI, A. V. (Org). Psicoterapias: abordagens atuais. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

COSTA, J. F. O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. 4 ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.

CUNHA. A. G. DA. Dicionário etimológico da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Editora Artes Médicas do Sul, 2000.

DUKAN, P. Dicionário de dietética e nutrição. Ed. Vozes, 2005.

FERREIRA, A. B. de H. Dicionário da língua portuguesa. 5. ed. Curitiba: Positivo, 2010.

PAIM, I. Curso de psicopatologia. 11 ed. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1993.

PHILIPPI, S. T., ALVARENGA, M. Transtornos alimentares: uma visão nutricional. São Paulo: Manole, 2004. p.131-48.

RANGEL, M. N. Dicionário médico. Rio de Janeiro, 1951.

 

 

DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA II     2018.1

DOCENTE: PROF. DR. JEAN MARLOS PINHEIRO BORBA

DISCENTES: ADRIANA LOBÃO PINHEIRO; THAÍS STEPHANIE MATOS SILVA

© 2018  por prof. Jean Marlos - DEPSI UFMA. Criado orgulhosamente com Wix.com

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